6.7.13

Diálogo solto. Parte 3 (Minha querida Beatriz)

-Por que essa cara de espanto Beatriz? Parece que viu alma penada...
-Talvez... - suspirou – Talvez eu tenha visto um fantasma, no qual não me recordo nem do cheiro; que pensei que tivesse matado, porém, ao vê-lo; paralisei, quase estanquei no lugar se não estivesse sentada. –desviou o olhar para suas mãos, como se sentisse vergonha do que contará – Senti metade do meu corpo paralisado, devido ao formigamento inoportuno, devido a mão que suava frio; fazia um esforço horrendo para levantar o braço, guardar o livro, mudar a direção do olhar, mas foi tudo em vão. O curioso sabe, é que a outra metade parecia intacta, tranquila. Então cheguei à conclusão de que me encontrava dividida, minha metade ama ele, a outra te ama.
- Você está louca Beatriz, você não o ama, você me ama. – rindo irônico se sentiu no topo do mundo mais uma vez.
- Menos Franco, por favor, me deixe concluir?
- À vontade.
Revirando os olhos e procurando um ponto de foco, prosseguiu:
- Enfim, a parte que te ama, berrava para que meu coração voltasse aos batimentos normais, que meu olho desembaçasse, que minha mão não suasse; mas desistiu depois de algum tempo, mas tentava ainda, me abstrair do transe com pensamentos teus, pensando no nosso futuro incerto, nas tuas mudanças falhas e essas coisas. Meu olho bom me guiava pela multidão, enquanto o que tinha dificuldades para enxergar a realidade só o via, em todos os rostos, o via em todos os homens, em todas as mulheres, só pensava em paixão, calor, toques de verdade! Enquanto o teu, só pensava em foder, de todos os jeitos. Foder meu coração, a minha cabeça, a minha sanidade, destroçar tudo. Atormentava-me as lembranças, das duas, compartilhando a beleza infinda de duas dores quase tão iguais e tão distintas as maneiras como se sucederam. Acho que foi isso que me deixou perplexa.
- Desculpe, não entendi um milésimo desta conversa, meu bem.
- E quem disse que tu irias compreender? Tua capacidade de absorver as coisas é mínima.
- Está me ofendendo...
- Nada mais merecido, não? Pode sair daqui, por favor?
- Já estou indo, mesmo que saiba que daqui a pouco me ligarás implorando que retornes. – deu as costas rindo.

- Acho que não dessa vez.